Às vezes me pergunto porquê tudo isto! Ladrões milionários que ainda usam bingo para não mudar a tonalidade da pele. Até que para os hábitos alimentares, mudam tudo. Aqueles tropas não falam mais de Madledlele. Tseke. Makhofo e outras coisas que insistimos o organismo para aceitar. A resposta é simples, mano - Somos uma sociedade de disfarce. Há tanta gente com talento maior que Pablo Scobar por aqui. Há muita gente que se esconde no bingo e nos perfumes da Baixa.
Somos uma sociedade dos porquês, mano. Sabes porquê? Porque não sabemos o que é importante para nós. Porque não sabemos o que é prioridade. Por aqui é normal ver um jovem com chaves de carro na mão, todo arrumadinho. Sabes por que apesar de não ter carro, exibe as chaves? Está cansado de Scovia! Não sabes o que é scovia? As meninas não querem saber de poesia, livros e essas coisas que nos obrigam a falar de pessoas falecidas há mais de 100 anos. Elas querem coisas concretas- dinheiro na mão, calcinha no chão. Nunca ouviste essa? Porquê, mano? Precisas andar mais comigo.
Actualmente, nós jovens estudamos por dinheiro e para sermos citados. É que na sociedade dos porquês, dificilmente citaram um pacato como eu. Mesmo tendo ideias fortes, ideias que podiam revolucionar o mundo, ninguém me ouviria. Sabes porquê? Porque fomos influenciados a pensar que intelectual é um PhD. Mas, irmão, quantos PhD temos agora? São intelectuais?
Somos uma sociedade dos porquês. Porque o novo vizinho e o seu primo querem sempre saber quantas filhas tens. Sabes porque fazem essa pergunta? Querem copular com as tuas filhas. E elas também copulam como se estivessem a chupar um doce. Por isso, tenha cuidado ao crescer. Mano, nós somos uma sociedade que de um dia para o outro podemos criminalizar a fofoca para sufocar mais as mulheres. O governo faria isso. Eu garanto.
Não adianta mais perguntar porquê. Sabes, porquê? Temos muitos exemplos. Enfim, irmão, volta ao teu mundo e vou ao meu. Hoje quero ver se falo com uma vizinha recém chegada. Podes me emprestar o teu carro? Devolverei amanhã logo pela manhã!
Por Jorge Azevedo Zamba