Há Orgasmos por Todo Lado



Fechei os olhos e me deixei levar pelo beijo das nuvens, envolvi os meus braços sobre a cintura dos raios e ouvi trovões como gemidos, pois há muito que lá bem distante o céu me piscava os olhos com as estrelas, às vezes, antes de se fazer noite. Andava inocente, mas as nuvens seduziam-me, com inúmeros desenhos do seu corpo, às vezes fazia-se felina, e hoje aqui estou, envolvido nos seus beijos, a chupar-lhes os seios até chover libido, vontade é o que não falta, mas não basta a vontade, o pênis tem que reagir a isto, nuvens não faltam, a trovejar de excitação... acendo mil cigarros a ver se me concentro no que pode vir a suceder, me banho num mar de álcool e me afogo lá dentro, a ver se ressuscito bem antes de três dias, a foda é urgente, já agora, fodem-se todos, os pássaros, os leões, os crocodilos, os ratos, as moscas... menos eu! Então, pega-me a bunda a terra, bissexual, quer me comer, ainda é cedo, um dia talvez me coma, morto, estarei protegido num preservativo de madeira... Por agora falta erotismo em minha cabeça para que me excite, algo completamente transgressor, no poema posso tudo, então por quê ainda me limito? Ainda me pesa a moral? Não, tenho o gargalo no pescoço da cobra, mal consegue respirar, começa a ser prazeroso, puxo os cabelos do rabo do cavalo, enquanto mordisco as tetas da macaca, os anjos e demônios se masturbam só de ver, animam-se tudo e todos, é uma completa orgia, há orgasmos por toda parte, está tudo pintado, retratado por João Timane e Revelino Sengo, é uma orgia impossível ler na obra de Ungulani, é uma confusão igual aos quadros de Malangatana, é o erotismo que mal conseguem escrever os poetas, não é pornográfia, são desejos irrealizáveis, a palavra tem que ser solta às vezes, anda presa como um gênio da lâmpada, ela é deveras poderosa para se acanhar, agora ratos acasalam com papagaios, moscas com abelhas, dizem que o fim do mundo está próximo, o parto será amanhã, não será parto normal e nem cesariana, Mônica era Joel, Aníbal sairá do cú, por onde foi feito, estou em queda num precipício infinito, como quem cai sonhando, como quem cai com a alma, e ouço vozes, mas o que ele pretende com este texto?

Quando eu já não mais estiver aqui, todos saberão melhor do que eu. Limpa o seu suor o sol, cansado de comer da lua, era a segunda vez, a lua meiga e serena, prepara um banho ao sol, enquanto se fodem os outros planetas, porventura estejam embriagados, da terra só ficou a terra, a lua apaixonada levou da água para banhar o sol e levou toda flora e fauna para alimentar o sol, eu ocupado ainda com as nuvens, elas não me excitam.

Poeta Sozinho

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