Sova-me para ter certeza que me ama


Sova-me para ter certeza que me  ama.

Foi por um bocado, já teria voltado a casa dos meus pais, por sorte, ainda sou sustentada por esta mísera paciência. - Desta vez, quer saber, não foi por ter pernoitado fora, não se ria, estou a falar sério, não  pedi para se sentar; vi as mensagens da Jéssica, também os áudios que trocou com a Madalena no teu WhatsApp, mas Celso, trocar nudes  com um homem, esse tal de Igor, inda bem que agora o assunto não é sobre orientação sexual; - não fique com essa cara, não estou zangada, tire essas mãos dos bolsos. 

Feche as cortinas, eu também aproveito desligar o televisor, está calor hoje, mas temos que passar tudo em surdina. Amor, esse jogo de tirar as calças não vai funcionar, pode usá-las, não é de sexo que estou a falar.  Pode me livrar deste sutiã  e desta calcinha, é que quero que me bata nua, "franguinha", dê-me surras como se desse ao teu semelhante, faça-o com abominação, rejeição, aversão, cuspa no meu rosto, mesmo vendo sangue, não pare de bater-me; não tenha pena, sim, claro, usufrua desse cinto, bata-me como se de puta, ladra, adúltera se tratasse; - meu marido, hoje não quero fazer amor, nada de tuas carícias, sova-me para ter a certeza que me ama.  Arranca-me a alma com teus socos, não sinta nada, não se culpe, é noite, ninguém verá nada, não diga isso, não é violência, é amor, bata-me, por favor, antes que eu vá e diga aos meus pais que você nunca me amou. 

Não trema, não vou gritar, sou madura, só quero que me maltrate. - assim, se senta aí no sofá mexendo no celular como se eu fosse louca, venha aqui, não me obrigue a submeter denúncia de arrogância sobre si; não me ria, aproximo-me  e se recusa a me tocar;  pego nas tuas mãos e faço-te levantar; - isso mesmo, me agite, aperta-me o pescoço até não conseguir falar. Se tiver coragem, meu amor, me estupre; vá, chame teus amigos, teus colegas do trabalho, da faculdade e me abusem. Agora não quer me esfaquear a mente com teus insultos, não vai rasgar minhas roupas e penetrar-me à força?! Quer que eu pense que  não me ama mais?, você me ensinou muito bem a habituar-me a dor, lembra quando nos conhecemos, eu apenas tinha 19 anos, você e teus amigos, banharam-me de bebidas alcoólicas, e aquela orgia que fizeram para comigo, fiquei calada todo esse tempo porque amo-te. 

E, agora, eu é que peço para ser violentada, eu é que peço para ser maltratada, mas você não quer. O que mudou?, então foi tudo mentira, as festas, os sorrisos, os abraços que sempre estava a barganhar; sova-me para ter certeza que me ama. Fique tranquilo, amor, já cresci, não vou denunciar coisa alguma, quero que seja o meu eterno violador. Por mais que faça isso, nada mudaria, porque eu, estou acostumada, se não for você, quem mais seria. Meu marido, sova-me antes que os meus pais desconfiem  desse amor que você diz sentir por mim. sova-me, vai.

Por Luís Nhazilo

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