Jorge Azevedo Zamba |
Os passos para incerteza aceleram. Não sei qual órgão de informação devo consultar - todos anunciam a má nova. Tenho a certeza que vou morrer, mas uns têm medo de ser coronavirados antes de Joewillar para valer. É um medo justo. Mesmo assim, a sociedade no geral tem de reinventar os seus medos. E eu? Do que tenho medo? Talvez seja um demônio perseguindo os meus pensamentos porque as notícias, comentários das pessoas e outras asneiras, pouco me surpreendem. Tenho as minhas fragilidades: amar a minha esposa, família e outras coisas do meu mundo. E se essas pessoas desaparecem? Ou pior, se me perderem para a demência notória? A morte se aproxima, por isso tenho que orientar à minha família para se debater autores que eu lia (muito) em vida. Talvez os Irvings Wallaces, D.H Lawrence e Baum's podem ajuizar os que ainda vão viver.
Os que odeiam a política podem, se lhes convier, assinar um pacto de silêncio e conformismo em relação ao sistema mundo, beber para depois engravidar a esperança. E para que os têm noção da maldade da vida, gradualmente vão se transformando em chapeiros. É que a vida obriga-nos a sermos exatamente iguais aos cobradores e motoristas de Chapa 100. Não respeitar sinal de trânsito, nos dias de congestionamento, usar passeio como caminho alternativo, insultar aos passageiros quando reclamam do som ou enchente no chapa. Em outras palavras, para conduzir um chapa 100 é aconselhável ter 100% de desrespeito. Assim é a vida e eu, ainda estou a pensar se me vou deixar influenciar com os alarmes de Coronavirus, ou alisto-me às ambições joewillianistas.
Os hipócritas defendem que para joewilliar seriamente é preciso passar por este processo. Não é a gravata que garante uma boa negociação, é, certamente, a coragem para burlar um pobre coitado, um irmão ou um cidadão desinformado. E, por isso, aquela geração de gangster’s ainda nos nega as gravatas. Dão gatinhos chineses e sapatos formais de calamidade. Assim sendo, eliminaremos o mercado Xiquelene, Xipamanine e Fajardo, etc? O que devemos fazer? Qual é o sino que devemos evitar? De Coronavirus, de pró-Joe Williams ou simplesmente devemos ir à igreja e orar incansavelmente?
A maioria odeia a Filosofia porque é uma ciência de perguntas. Eu, por enquanto, faço perguntas adentro porque as filosóficas são imperceptíveis aos jovens da OJM, OMM e outras organizações de pendor lambebotista. Não é rendição. Trata-se de uma morte temporária para (também) reinventar os meus medos. Pergunto aos meus amigos do bairro sobre as rodadas de cerveja ao fim-de-semana ou da rapariga que gradualmente se transforma em uma mulher. Ainda tenho dificuldades em debater sobre futebol, mas em nome da morte temporária, vou avaliar se os Messi's e Ronaldo's merecerem uma estátua.
Por Jorge Azevedo Zamba