três poemas em minúsculas sobre sentimentos maiúsculos – nália amosse


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vês

vês
julgam-se imperfeitas
diante de tamanha beleza
já nem o marrabentar fala
diante da valsa

querem ser eu
como se pudessem

deixam de amamentar os traseiros
para obter a minha estatura
até a carapinha já cansou de gritar
de tanto abrasar aquela dor

partiram a capulana
na formatura dos cacos da seda
baniram-me de mirar
o fulgor daquela escuridão
e de pernoitar nelas

e agora eis o meu reflexo falhado


serenata 1

queria eu
fazer-me de tua visagem
apelidar-me daquela linda flor
e intitular-me
de transgressão de amor

queria eu
moldar-me de ardor da coragem
incendiar o trono celeste
para me sobressair daquela perdição

queria eu
seguir a melodia da nossa paixão
e  tentar ser poeta
para mortificar a ordem cósmica
do nosso amor

queria eu
percorrer o deserto do nosso imaginar
e
abster-me do medo
para partir junto a ti

queria eu
com a verdade a que te escrevo
estar contigo


um dia tudo acaba

quero enviuvar-me
diante da tua felicidade
quero viver-te mas
não mais fazer-me de ti

vamos…
purifique-se com as minhas lágrimas
alimente-se das minhas mágoas
com a minha melancolia
e faça-se de alegria perante a mim

mas saiba que
tento eu transbordar
na penumbra daquela flor
na subtileza da morte
e no ritmado da tua felicidade

e amanhã
estarei eu a flutuar no mar
da minha imperfeição
e
não mais da tua imaginação
e quem sabe
estarei eu sobre ela

talvez seja
talvez seja um desdém a tua compaixão
mas é um massacre ao meu fôlego
padeço de vida
e quero fazer-me dela



por: nália amosse


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