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1. CORAÇÃO PROSTITUTO
Morreu em mim
O bom samaritano
Para dar luz
A um leviano, cretino e Insano
Pois o meu eu cacaréu
É um coração prostituto
De alma boémia
Autêntico museu
De alegrias e tristezas
Incapaz de distinguir
A liberdade da libertinagem
Já enjoado desta prisão
De nome vida
Flutuo feito um branco
E imaculado papel
Proclamando a independência
Da sua insignificante existência.
2. POETA SEM POESIA
Quando
A inspiração
Me rejeita
E a poesia
Em mim
Se ausenta
Sinto me órfão
De palavras
E viúvo
Dos vocábulos.
3. POETA FRUSTADO
Plantei no papel
E irriguei com muita tinta
Concebendo
Versos em estrofes
Seduzi rimas
E namorei a retórica
Parindo a poesia
Mas debalde
Pois colhi
Poesia abortada
Sem musicalidade
Nem sonoridade
Apelei a inspiração
E esta seduziu me
E como consolo
Abraço o meu eu
Frustrado.
4. MULHERES
Elas
São belas
Estas móveis estatuetas
De beleza
Rara e cara
Adoro vê-las
Vestidas ou nuas
Naquele bailar das ancas suas
No escuro
São as minhas velas
Eu juro
E nas noites
As minhas estrelas
Enfim
São a luz da lua
Nas noites
Em que ela
Se ausenta.
5. VERSOS IMACULADOS
Os meus versos
São puros
Cristalinos, genuínos
E divinos
Os meus versos
São imaculados
Cândidos, idílicos
E inacabados
Os meus versos
São meus, seus e de Deus
E vós dos meus versos
Sóis inquilinos
Os meus versos
São profundos
Pois da minha alma
São oriundos.
6. ESSÊNCIA POÉTICA
Sem dogmas
Nem enigmas
Eis a coerência
Aliada a essência
Quando a sintáctica
Abraça a semântica
Que corteja a temática
Criando ciúmes a gramática
Minimizando a inveja da anáfora
Naquela personificação
Sem comparação
E cheia de metáforas
Onde surge a pragmática
Desafiando a estilística
Que é genérica
Mesmo rendida aos encantos da retórica.
7. A DANÇA DA VIDA
Dancei ao som das ondas
Ao compasso da chuva
Olhando o mar
A cortejar a areia
Com afagos amorosos... ...
Assisti o sol
Assediando a nuvem
E ela emocionada
Lacrimejava de alegria
No colo da terra... ...
Enfim, entoei
A melodia do vento
Ao ritmo
Da vida.
8. MUZUBIA
És a safada
Dos meus prazeres
A dicotomia do meu ser
O ringue
Entre o meu eu coerente
E o meu louco inconsequente
O teste da minha sapiência
O certificado da minha inconsequência... ...
Muzubia safada
Dos meus prazeres
Mesmo odiando admitir
Duma coisa tenho a certeza
Tu és a razão do meu sorrir.
9. SURAUVA
Contemplei o seu corpo
Repleto de curvas
Naquela tarde de chuva
Na qual degustei os seus lábios uvas
A chuva decifrava
O enigma do seu
Corpo troféu
Autêntica Sura
Que embriaga o meu eu
Os seus seios excitados
E as suas ancas bailarinas
Enlouquecem
A minha louca loucura
Os seus lábios uvas
Com sabor a Sura
São a minha deliciosa
Fruta alcoólica.
10. MACUA ROSA
Noite escura
Órfã da lua
Somente estrelas amorosas
Reluzidas e lucentes
Em nossa senil aventura
Eis toda nua
A minha deliciosa dengosa
E eloquente
A nossa orgia é pura
Somente uma testemunha, a última casa da rua
Onde sou devorado pelo fogo da fogosa
Nessa louca loucura envolvente
Sou um doente que não procura a cura
Pois a minha doença é a linda Macua
Com sabor a Manga Rosa
O meu eterno feitiço inconsequente.
Minyetani Khossa
Sobre o Autor:
Félix Paulo Cossa é o detentor do pseudónimo Minyetani Khossa, é poeta e contista natural de Maputo, nascido a 20 de Maio de 1978. É Licenciado em Ensino de Inglês/Português, é Professor em Exercício nas escolas de Maputo. O bicho de escrever lhe mordeu ainda pequeno. É admirador de autores Moçambicanos, por culpa do falecido pai que possuía uma biblioteca de literatura Lusófona Africana em sua casa: Noémia de Sousa, José Craveirinha, Anibal Aleluia, Paulina Chiziane e a Geração “Charrua” dos anos 1980. Portanto, é destes autores e movimento que tem muita influência nos seus rabiscos.
Em termos de obras ainda não tem nenhum singularmente lançada, mas já participou em quatro (4) Antologias, sendo duas (2) do Brasil, (1) Pastelaria Estúdios e uma (1) em Moçambique.
Correio electrónico: felixcossa05@gmail.com