BANHO DE PAULITO
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Manhã confusa. Despontou com sol quase radiante e escaldante. Meio turno, tornou coberto de nuvens grossas e pretas. Parecer que ia chover torrencialmente. O céu esta totalmente escuro. As sombras dissiparam-se fugazmente. Um arco luminoso composto de bandas coloridas adjacentes na forma de arcos de circunferência projetou-se bem distante, onde o céu ia ao encontro da terra.
Na charrete vai o Paulito nos seus zunires de arres a sua parelha. Miúdo de cabelos desgrenhados e mochila de palha. No pulso direito leva a chibata que açoitava a incansável parelha de ágeis bois sob o dorso. Não quer saber da escola. Vendeu seus sonhos na vida de “makambhodji”, pastor de gado.
Nunca quis a luz. Involucrou-se pelas trevas desde a morte dos seus progenitores. Vive à toa – dizem alguns moradores fazendo–lhe zombarias. Sai à rua de rosto pálido parecer banho de neve. Com a velocidade da charrete, sua camisa outrora branca, agora castanha de tantas impurezas inflava nas costas como um balão.
Adora essas aventuras. Corria e deixava tudo para trás sem dizer palavras, exceto o vento que uiva feroz sob seu corpo franzino. Preguiçosamente levantavam-se e subiam chamas de poeira vermelha como queimadas descontroladas. Pelos céus fulminavam clarões resultantes do embate frontal entre duas nuvens (quem sabe até mais), e um luzir efémero.
Pelos tímpanos, Paulito ouvia gritos e pelos olhos quase arregalados testemunhava os clarões como se o mundo se demolisse. Seguidamente, algumas goteiras desatavam-se das grandes pedras de gelos sobre as nuvens escuras e tombavam sobre terra. A poeira vermelha que levantava abafava.
Em pouco tempo a chuva escorria abundantemente à tudo que se tinha em terra. As areias vermelhas tornavam-se lamacentas. Paulito não tinha onde se ocultar. Percorria uma planície vasta e extensa. Assim, Paulito fez o banho de Chuva.
Autor: Alerto Bia