Arnaldo Tembe |
As cores circundam o meio ambiente; tudo que tem forma neste mundo, também é formado por cores, e o ser humano não é excepção. As cores no Homem ganham importância e visibilidade quando falamos de raças. É sabido que no mundo existem três tipos de raças humanas, a saber: negróides, mongoloides e caucasoides, mas a que mais me agrada de contemplar, é a raça denominada humanismo ou humanidade, uma raça que não se prende a cores e nem a padrões socialmente aceites. Essa raça, a que chamo humanidade, é a mais sublime que existe no mundo, não se restringe a coisas superficais que muitas vezes nos impedem de contemplar o belo que é carregado por ela. Muitos de nós deixam-se levar pelos padrões que defendem a não mesclagem de pessoas de tons de peles diferenciados. Há quem defenda que a raça caucasoidiana é mais forte que a dos negróides, e há quem defenda o contrário; eu em particular, prefiro defender que a diversidade e a particularidade das raças elevam a beleza do cosmo, alicerçando-me a decha de que o sorriso é incolor, não carrega nenhuma identidade racial a não ser da transfiguração do âmago no seu estágio bruto. Embora o meu raciocinio tenha uma certa inclinação para a não racialidade dos homens, há momentos que minha consciência desaba, pois a distinção das raças é um factor gritante na sociedade e no nosso quotidiano. Há momentos que sou racista, que gosto de uma raça, e tenho aversão por outra, principalmente nos episódios que colocam frente a frente um individuo de raça negra e raça branca, por exemplo: num desafio de conhecimento de cultura geral em que os adversários são individuos negros e brancos, de forma inconsciente o meu apoio tende para o grupo dos individuos negros revelando deste modo o meu lado preconceituoso ou aversão pelos individuos brancos. É um acto involuntário, alheio a minha vontade, coisas entendidas pelo sub-inconsciente! O subconsciente tem uma particularidade, gostar de contrariar a consciência, é como se sentisse prazer em fazer isso! Inúmeras vezes, o subconsciente tem contrariado os meus gostos, fazendo a escolha dos meus desejos e pensamentos. Porém, por mais que o meu subconsciente goste de fazer escolhas por mim, há uma que dificilmente o mesmo fará e que me agradará: não pode em nenhum momento tornar-me racista! Gosto da beleza multicolor do Homem, cria uma simbiose que me conecta ao belo que transfigura o mundo neste mar de diversidade sublime. As cores são como os sonhos, carregam em si a vivacidade d'alma, por isso, eu gosto de homens que não têm raça, homens que expressam a vida d'alma no seu estado bruto, sem preconceitos e sem discrimanação!
Por Arnaldo Tembe
1Fala de Surendra Valá, no livro Terra Sonâmbula, do Mia Couto.